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Comissão externa debate sobre vacinas para o Coronavírus

Com o tema “Panorâmica das Vacinas na Covid-19″, parlamentares e convidados discutiram o avanço das pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina para o Coronavírus, durante audiência da Comissão Externa de Ações Preventivas Contra o Coronavírus, da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (27).

Os deputados demonstraram preocupação com entraves para a produção e a distribuição de uma vacina no Brasil. Os parlamentares e pesquisadores reclamaram da burocracia para importar produtos de pesquisa e também do fato de o País não ter sido convidado para a iniciativa global de produção de uma vacina.

Durante a reunião que aconteceu por videoconferência, representantes de laboratórios trouxeram perspectivas de uma vacina ainda este ano contra a doença. Mas, para que ela seja produzida e distribuída no País, será necessário construir parcerias

Presidente da Frente Parlamentar de Imunização, e único deputado gaúcho membro da Comissão Externa, Pedro Westphalen, destacou a importância da integração do Brasil com o mundo: “Cada vez mais temos que nos tornar independentes em alguns aspectos, mas nesse momento precisamos fazer integração com outros países. O Brasil precisa voltar à mesa de negociações, voltar ao protagonismo e que seja visto com a importância que têm”, disse.

 

Vacina própria
Na opinião do diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e ex-diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o Brasil, se acreditar, pode fazer uma vacina inovadora e diferente das outras. O problema, segundo ele, é a burocracia do Estado brasileiro, “que é terrível”.

“Neste momento de crise, tínhamos que importar reagentes e materiais sem que isso passasse semanas na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, criticou. “Produtos de pesquisa não são para utilização clínica. Há intercâmbio. É muito rápido entre laboratórios. É importante que isso venha rapidamente para o laboratório e não fique esperando sanção no aeroporto”, observou.

Dr. Luiz Antonio informou que o presidente Jair Bolsonaro deverá sancionar em breve um projeto de lei (PL 864/20) de autoria da comissão que dá 72 horas para a Anvisa autorizar o uso no Brasil de produtos de combate ao novo coronavírus validados por autoridades estrangeiras.

 

Perspectivas
Na audiência, representantes de empresas farmacêuticas trouxeram as novidades relativas ao desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. No momento, há inúmeros estudos conduzidos por diversos países e as perspectivas mais otimistas dão conta de uma vacina pronta para aplicação ainda neste ano.

Conhecido como Embaixador da Saúde, Westphalen afirmou que é preciso incentivar as grandes pesquisas no Brasil. “Precisamos que seja feita uma campanha nacional para chegar na população o que está acontecendo relacionado ao Covid-19 em termos de ações, e fazer a integração dessas grandes empresas com os nossos institutos que estão muito preparados. Não pouparemos esforços para que sejam valorizados os nossos institutos de pesquisa que tem uma capacidade diferenciada” concluiu o parlamentar.

O presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, destacou o trabalho em conjunto feito por diferentes empresas para acelerar o processo. “Se todos os testes continuarem avançando, já temos expectativas de ter os primeiros milhões da vacina disponíveis para finais de 2020, estamos falando de outubro e novembro”, afirmou.

Os estudos baseiam-se em novas tecnologias a fim de acelerar a produção da vacina, que convencionalmente fica pronta depois de anos de pesquisas. As explanações feitas na videoconferência trataram principalmente de vacinas baseadas em RNA mensageiro, o que seria uma novidade no setor. São vacinas desenvolvidas a partir do código genético do vírus e não, como é padrão, de uma versão inativada dele.

“Essa tecnologia vai nos permitir uma alta potência e uma alta capacidade de produção. Vamos gerar uma resposta de defesa adequada sem usar o coronavírus. A gente copia o material genético dele para fazer com que a célula produza anticorpos”, explicou a diretora médica da Sanofi Pasteur – Brasil, Sheila Homsani.

Os representantes dos laboratórios destacaram, por outro lado, a importância de parcerias com governos e outros centros de pesquisa locais para garantir a produção da vacina nas quantidades que o mundo necessita e o acesso da população a elas.

“No momento, a companhia não tem nenhuma decisão de onde vai ser distribuída a vacina, em que países. Vamos identificar os países que mais precisam e os grupos de melhor resposta e, com base nisso, tomar a decisão com as autoridades dos países”, disse Carlos Murillo.

Segundo ele, a empresa já tem conversado com o governo brasileiro para assegurar que o Brasil esteja dentro do grupo dos países a se beneficiar rapidamente dos avanços.

Possíveis parceiros
No Brasil, possíveis parceiros para a produção da vacina seriam o Instituto Butantan e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, no entanto, alertou que, para participar de uma parceria, os pesquisadores do instituto precisam conhecer detalhes do processo produtivo, a fim de identificar bem as capacidades brasileiras. Isso porque a produção de uma vacina envolve diferentes condicionantes, como tipo de frasco, doses por seringa, temperatura para conservação e a própria tecnologia.

“Não temos preferência por nenhuma empresa. O Ministério da Saúde que vai decidir em qual vacina vamos entrar e se teremos condiç00ões de fazer mais de uma parceria”, informou Zuma. A depender do caso, disse o diretor, o instituto só conseguiria produzir a vacina se receber o ingrediente para fazer a parte final.

Por sua vez, Jorge Kalil, do Incor, disse não acreditar em uma vacina antes de meados do próximo ano. Para ele, a tecnologia que está sendo testada na vacina contra Covid-19 seria uma complicação a mais nesse processo.

Foram convidados para a reunião o pesquisador emérito da Fundação Oswaldo Cruz Akira Homma, o diretor do laboratório de imunologia do Incor, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e Diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, a diretora médica da Sanofi Pasteur – Brasil, Sheila Homsani,- o gerente da área de vacinas da GSK Farmacêutica, Jessé Reis Alves e o presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo.

Fonte: Agência Câmara de Notícias e Assessoria Pedro Westphalen.

 

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